Desfechos clínicos para portadoras de variantes patogênicas de BRCA com câncer de mama submetidas a cirurgia conservadora de mama

Atualizado em 01/07/2024


Para pacientes com variantes patogênicas de BRCA1/2 a mastectomia bilateral é frequentemente usada para se reduzir o risco de recorrências. Diretrizes recomendam, com força moderada, que o status de BRCA da linha germinativa não deve impedir uma paciente com câncer de mama receber cirurgia conservadora (BCT). Esta recomendação é baseada em evidências de estudos observacionais, que relataram taxas de sobrevivência semelhantes para cirurgia conservadora em comparação com mastectomia, apesar de um risco maior de recidivas locais. O objetivo deste estudo então foi relatar os resultados clínicos a longo prazo em variantes patogênicas do BRCA1/2 que escolheram a BCT.


Foram incluídas 172 pacientes (idade média 47 anos) tratadas com BCT e apresentavam uma variante patogênica no BRCA (92 (53,5%) variantes de BRCA1 e 80 (46,5%) variantes de BRCA2) do MD Anderson Cancer Center entre 1997 e 2021. Acompanhamento médio de 11,8 anos.


Sobrevivência e novos eventos de câncer de mama


A estimativa de sobrevida global foi de 88,5%, a estimativa de sobrevida livre de doença à distância foi de 87,0%, quanto a recorrência de câncer de mama ipsilateral o risco foi de 12,2% e o risco de câncer de mama contralateral foi de 21,3%.


Mastectomias Bilaterais


Após 10 anos, a estimativa de sobrevida livre de receber uma mastectomia bilateral foi de 70,7% e a estimativa de sobrevida sem receber mastectomia bilateral devido a câncer foi de 81,3%. Metade das participantes que receberam mastectomia, essa foi bilateral.


Nesse estudo, metade das pacientes estava livre de mastectomia bilateral após 20 anos de acompanhamento.


Características do paciente, tumor e tratamento associadas ao ipsilateral e eventos de câncer de mama contralateral


Em análise univariada, idade inferior a 40 anos no diagnóstico inicial de câncer de mama (HR, 3,24 [IC 95%, 1,43-7,32]) foi associada a tumor ipsilateral, já a radioterapia adjuvante (HR, 0,07 [IC 95%, 0,02]-0,28]) e salpingo-ooforectomia bilateral (HR, 0,33 [IC 95%, 0,14-0,78]) foram fortemente inversamente associadas a tumor ipsilateral. Em um modelo multivariado, a radioterapia adjuvante (HR, 0,09 [IC 95%, 0,02-0,54]) e a salpingo-ooforectomia bilateral (HR, 0,29 [IC 95%, 0,09-0,90]) tiveram fortes associações inversas com tumores ipsilaterais.


Esse estudo nos trás informações quanto ao fato de que mulheres com câncer de mama e variantes patogênicas no BRCA1/2 tratadas com BCT apresentam riscos quantificáveis acima da média


Autor(a)

Paulo Tenório
Médico Mastologista pela FMUSP/SP

Mastologista do Programa Cuidar do Hospital Israelita Albert Einstein; Mastologista da Clínica Femi em Alphaville/SP; Membro da Comissão de Educação Continuada da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP