Mastectomia Nipple-Sparing por Acesso Mínimo (cirurgia endoscópica/robótica) versus Convencional

Atualizado em 20/08/2024


A mastectomia nipple-sparing (NSM) é cada vez mais indicada devido seus resultados estéticos superiores aos da mastectomia convencional. A NSM de acesso mínimo (M-NSM), consta de NSM assistida por endoscopia ou por robô, e permite incisões relativamente menores e menos visíveis do que a NSM convencional (C-NSM).


Neste estudo coreano multicêntrico retrospectivo, foram incluídas 1583 pacientes com câncer de mama que foram submetidas a C-NSM (n = 1356) ou M-NSM (n = 227; 35 por endoscopia e 192 por robô) entre janeiro de 2018 e dezembro de 2020.


O grupo M-NSM teve uma proporção maior de pacientes na pré-menopausa, mamas não ptóticas, cirurgia bilateral, biópsia de linfonodo sentinela e maior volume de implante utilizado. A incisão mais frequente no C-NSM foi a incisão radial em quadrante superolateral, enquanto no M-NSM foi a incisão axilar em linha média ou anterior. Na dissecção do retalho subcutâneo, a eletrocauterização isolada foi mais usada no C-NSM, já no grupo M-NSM foi uma combinação de hidrodissecção e eletrocauterização. Não houve diferença significativa quanto a sangramento intra-operatório, mas o grupo M-NSM apresentou mais seroma e duração do dreno cirúrgico.


Foram analisadas as complicações ocorridas em até 3 meses após a cirurgia (curto prazo 30 dias, longo prazo 90 dias). 72 indivíduos (5,31%) no C-NSM e 7 (3,08%) no M-NSM desenvolveram complicações pós-operatórias maiores, sem diferenças estatísticas entre os grupos.


A necrose do CAP ocorreu mais frequentemente a curto prazo no grupo M-NSM (8,8% vs 3,9%); no entanto, a necrose do CAP a longo prazo ocorreu significativamente mais frequente no grupo C-NSM (6,71% vs 2,20%). A taxa de infecção de ferida operatória ocorreu mais no grupo M-NSM (curto prazo: C-NSM, 1,62% vs M-NSM, 7,49%; longo prazo: C-NSM, 4,28% vs M-NSM 7,93%). O seroma pós-operatório foi maior após C-NSM do que M-NSM (C-NSM, 14,23%; M-NSM, 9,25%). A quantidade de seroma no grupo C-NSM foi 3,68 vezes maior e o período de uso do dreno foi 2,41 vezes maior do que no grupo M-NSM.


Os autores concluem que não encontraram diferenças significativas para a incidência e gravidade das complicações pós-operatórias nas C-NSM e M-NSM. Apesar do estudo demonstrar que a M-NSM resulta em cicatrizes menores, devemos lembrar que neste grupo a maioria das cicatrizes foram axilares em comparação às radiais em QSL no grupo C-NSM. Em nosso país, as preferências por C-NSM, no geral, se dão por incisões em sulco mamário. Apesar das taxas de necrose de CAP a longo prazo serem menores no grupo de M-NSM, os dois grupos tiveram baixas incidências dessa complicação. Desse modo, ambas técnicas mostraram-se serem opções igualmente seguras e a escolha de abordagem pelo cirurgião deve ser discutida considerando as preferências e necessidades individuais de cada paciente.


Autor(a)

Paulo Tenório
Médico Mastologista pela FMUSP/SP

Mastologista do Programa Cuidar do Hospital Israelita Albert Einstein; Mastologista da Clínica Femi em Alphaville/SP; Membro da Comissão de Educação Continuada da Sociedade Brasileira de Mastologia-SP