O câncer de mama em jovens

O câncer de mama em jovens

Mastologista

Nas últimas décadas o câncer de mama tem aumento de sua incidência em mulheres jovens, abaixo dos 40 anos de idade e, infelizmente, ainda apresenta elevadas taxas de mortalidade nesta faixa etária.

A paciente jovem apresenta com maior frequência diagnóstico do câncer de mama em estádio mais avançado do que em mulheres de maior faixa etária, tem mais tumores que não expressam receptores de hormônios (estrogênio e progesterona), que tem mais superexpressão do oncogene HER-2 e maior proliferação tumoral.

Desta forma, é fundamental que a equipe de saúde (médicos, enfermeiros, agentes de saúde) seja atualizada com informações sobre a importância do câncer da mama nesta população jovem, como o objetivo de possibilitar a suspeita da doença de forma precoce e então possibilitar a chegada da paciente de forma mais rápida ao mastologista.

O mastologista através de exames de imagem (mamografia e ultrassonografia das mamas) e biópsia do tumor conseguirá proporcionar à paciente um planejamento da melhor estratégia de tratamento que poderá resultar em maiores índices de cura: tratamos a paciente jovem com maior frequência com quimioterapia e hormonioterapia estendida (com 10 anos de duração).

A assistência à mulher jovem com câncer de mama engloba necessidades de tratamento semelhantes às mulheres de outras faixas etárias como cuidados para manutenção de sua saúde mental (diminuir a ansiedade e depressão), de seus relacionamentos sociais (familiares, ambiente de trabalho e amigos), de sua imagem corporal (proporcionando acesso a reconstrução mamária quando houver necessidade) e de sua vida sexual.

No entanto, outros cuidados adicionais devem ser lembrados ao darmos assistência à mulher jovem que trata o câncer de mama:  a avaliação de ser portadora de mutação genética hereditária que aumenta o risco de desenvolver o câncer de mama e a possibilidade da menopausa precoce secundária ao tratamento com quimioterapia e seu desejo de ser mãe. Devemos lembrar de dar acesso à paciente ao congelamento de óvulos ou de embriões antes de iniciar a quimioterapia, com o objetivo de aumentar sua chance de ficar grávida após o tratamento e do câncer ter sido controlado, possibilitando que ela tenha uma gravidez segura se esse for seu desejo.

A identificação de pacientes portadoras de mutação genética hereditária com câncer de mama possibilita adequar as estratégias do tratamento cirúrgico (realização de mastectomia e mastectomia profilática contralateral) e sistêmico (com utilização de quimioterapias e terapias-alvo específicas).

É o diagnóstico precoce do tumor e a adequação do tratamento cirúrgico e sistêmico que possibilitarão que as mulheres jovens nas próximas décadas tenham queda da mortalidade por câncer de mama, semelhante ao que observamos nas pacientes de maior faixa etária, vivendo mais e com qualidade de vida.

Câncer de mama na mulher jovem

  • Importância do diagnóstico precoce
  • Suspeitar de mutação genética hereditária para câncer de mama
  • Adequar o tratamento cirúrgico e sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia, terapia- alvo) às características do tumor e à faixa etária
  • Lembrar da preservação de fertilidade se for desejo da mulher ser mãe após o tratamento do câncer de mama
  • Possibilitar qualidade de vida pós-tratamento do câncer da mama: saúde mental, vida social, relacionamentos pessoais e vida sexual
Autor(a)

Adriana Akemi Yoshimura

Mastologista

Membro da Comissão de Residência da SBM-SP